Nesta
seção você saberá:
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O que é um neuroma acústico ?
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Os neuromas são hereditários ?
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Qual a incidência na população ?
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Quais os principais sintomas
-
Quais os tratamentos
-
E mais...
Um
neuroma acústico, também conhecido como Schwannoma
vestibular é um tumor benigno raro dos nervos
auditivo ou vestibulares. É geralmente de
crescimento lento e se expande a partir do seu ponto
de origem, na bainha do nervo.
O
sintoma mais comum é a perda auditiva no lado
afetado pelo tumor. A causa destas lesões
geralmente é desconhecida, mas pode ser genética
em alguns casos. Se o tumor se torna grande, ele
pode empurrar a superfície do tronco encefálico ou
cerebral e este crescimento contínuo do tumor pode
ameaçar a função de partes do cérebro, o que
pode ser muito importante em alguns casos.
As
opções atuais de tratamento incluem a observação,
ou seja, o acompanhamento através de exames de
imagem (ressonância magnética) do tamanho do tumor
e da evolução clínica;
a remoção cirúrgica (com várias
diferentes técnicas a depender principalmente da
experiência do cirurgião e localização do tumor,
dentre outras) ou radiocirurgia.
O
que é um neuroma acústico?
Um
neuroma acústico (às vezes chamado de Schwannoma
vestibular) é um tumor benigno, ou seja não
canceroso, que surge no oitavo nervo craniano (nervo
vestíbulo-coclear), geralmente na região do ouvido
interno.
Este
nervo tem duas partes distintas, uma parte associada
com a transmissão dos estímulos sonoros ou
auditivos para o cérebro e outra com a transmissão
das informações do equilíbrio e balanço de nosso
corpo.
O
oitavo nervo (nervo vestíbulo-coclear), juntamente
com o nervo facial ou sétimo par craniano, estão
adjacentes uns aos outros quando eles passam através
de um canal ósseo chamado de canal ou conduto
auditivo interno. Este canal tem aproximadamente 2
cm de comprimento e é geralmente neste canal que os
neuromas acústicos são mais frequentes, originários
a partir da bainha (que é uma espécie de capa
protetora) em torno do oitavo nervo.
O
sétimo nervo ou facial fornece estímulos nervoso
para o movimento dos músculos de expressão facial,
mas também é responsável em parte pela sensação
de gosto e pela função de algumas glândulas de
nosso corpo, como as glândulas salivares e
lacrimais.
Neuromas
acústicos geralmente crescem lentamente durante um
período de vários anos e muitas vezes podem ser
assintomáticos. Porém, quando estes tumores se
expandem em seu local de origem podem provocar
sintomas, principalmente relacionados com perda
auditiva, ou seja, diminuição da audição.
Os
tumores são considerados pequenos quando apresentam
menos que 1,50 cm em seu maior eixo, médios quando
têm entre 1,51 cm a 2,50 cm e grandes quando são
maiores que 2,51 cm em seu maior eixo.
À
medida que estes tumores vão crescendo, eles podem
inclusive deslocar o tecido cerebral normal. O cérebro
não é invadido pelo tumor, mas a lesão pode
pressionar áreas do cérebro quando cresce, o que
pode vir a ser perigoso.
Com
este crescimento, às vezes, o tumor sai do canal
auditivo interno em uma área chamado de ângulo
pontocerebelar, pois fica na confluência do osso
temporal com o cerebelo. Quando isto acontece, o
tumor geralmente assume uma forma de pêra, com a
menor extremidade dentro do canal auditivo interno e
a maior parte em contato com tecido cerebral.
Tumores
maiores inclusive podem comprimir em outro nervo que
se encontra em região próxima. Este nervo é o
trigêmeo, que é responsável por grande parte da
sensibilidade facial.
Dependendo
do tamanho e localização do neuroma, algumas funções
vitais podem ser ameaçadas, principalmente quando a
lesão causa compressão no tronco encefálico e
cerebelo.
Quais
são os sintomas ?
Os
primeiros sintomas são facilmente esquecidos e às
vezes o paciente nem se preocupa, tornando o diagnóstico
precoce dos neuromas do acústico um desafio.
O
primeiro sintoma em 90% daqueles com um tumor é a
redução da audição em um ouvido, muitas vezes
acompanhada de zumbido. A perda de audição é
geralmente sutil e piora lentamente, embora
ocasionalmente uma perda súbita da audição possa
acontecer.
Pode
haver uma sensação de plenitude no ouvido afetado.
É importante salientar também que estes sintomas
iniciais podem muitas vezes ser confundidos com
alterações normais do envelhecimento, ou atribuídos
à exposição ao ruído mais cedo na vida e,
portanto, o diagnóstico muitas vezes é tardio.
Outros
sintomas que também podem acontecer são
instabilidade e problemas de equilíbrio ou mesmo
vertigem (a sensação de que o mundo está
girando). Isto pode acontecer principalmente durante
o crescimento do tumor, que vai comprimindo os
nervos vestibulares podendo causar estas sensações
de perda do equilíbrio.
Tumores
maiores podem pressionar o nervo trigêmeo, causando
dormência e formigamento, que pode ser contínuo ou
intermitente, na face.
Tumores
grandes também podem causar aumento da pressão
intracraniana e isto pode se relacionar com dores de
cabeça, andar desajeitado e até mesmo confusão
mental. Esta pode ser uma complicação com risco de
vida, necessitando de tratamento urgente.
Mesmo
que o nervo facial possa ser comprimido pelo tumor,
é incomum paralisia facial em pacientes com neuroma
acústico, embora isto possa ocorrer.
Neuromas
acústicos são hereditários ?
Não.
Embora haja uma condição hereditária chamada Neurofibromatose
do tipo 2 (NF2) que pode levar à formação de neuromas
acústicos em algumas pessoas. A maioria dos neuromas
acústicos ocorre espontaneamente, sem qualquer evidência
de hereditariedade.
Neuromas
acústicos são freqüentes ?
A
maioria das publicações recentes sugere que a incidência
de neuromas do acústico está aumentando. Mas não
por conta de hábitos de vida ou outros fatores. A explicação
é bem simples: a incidência está aumentando, mas
é por causa dos avanços nos exames de imagem, principalmente
nos avanços da ressonância magnética. Ou seja, antigamente
a pessoa poderia até ter um pequeno neuroma do acústico,
entretanto, como não havia exames de imagem com muitos
detalhes e com o acesso que alguns têm hoje em dia,
muitas vezes a pessoa nem sabia que apresentava alguma
lesão.
Estudo
realizado na Dinamarca, publicado em 2004 mostra que
a incidência é 17,4 por milhão, ou seja, cerca de
2 pessoas por 100.000 habitantes. A maioria dos neuromas
acústicos são diagnosticados em pacientes entre as
idades de 30 e 60 anos.
Quais
as possíveis causas do neuroma acústico ?
Muitos
pacientes perguntam sobre a causa deste tumor (neuroma
do acústico). O certo é que ainda não sabemos quais
as verdadeiras causas deste tumor, se são relacionados
com hábitos de vida ou uso de alguns aparelhos emissores
de ondas eletromagnéticas, como os telefones celulares
ou fornos de micro-ondas, por exemplo.
Existe
um crescente grupo de pesquisadores, inclusive com
algumas evidências científicas, que acredita que
alguns defeitos pontuais em genes supressores de
tumores podem dar origem a estes tumores em alguns
indivíduos.
Outros
estudos sugeriram a exposição à ruídos intensos
sobre uma base consistente. Um estudo recente
mostrou uma relação de neuromas acústicos com a
exposição prévia à radiação (radioterapia)
para tratamento de cânceres na cabeça e pescoço,
e uma história concomitante de ter tido um adenoma
da paratireóide (tumor encontrado nas proximidades
da glândula tireóide e que afeta o metabolismo do
cálcio).
Há
ainda controvérsias sobre o uso dos telefones
celulares e aparelhos de micro-ondas. Será que a
radiação de radiofreqüência pode estar
relacionada com o surgimento de neuroma acústico ?
Esta pergunta continua a ser vista em trabalhos
recentes, mas até o momento, não há causa
cientificamente comprovada que pode explicar o
surgimento destes tumores.
E
a neurofibromatose do tipo 2 (NF2)
A
neurofibromatose do tipo 2 ou NF2 é uma doença genética
que ocorre com uma frequência de 1 em 30.000 a 1 em
50.000 nascimentos. A
característica principal desta doença é o aparecimento
de neuromas acústicos bilaterais.
Isto
pode vir a ser muito dramático, pois em alguns casos
pode causar surdez completa bilateral, inclusive com
o tratamento cirúrgico. Prevenir ou tratar a surdez
completa, que pode acontecer com pessoas NF2 exige a
tomada de decisões complexas e sérias.
A
tendência atual da maioria dos centros médicos acadêmicos
nos Estados Unidos é recomendar um tratamento mais
agressivo para tumores menores e em que se possa ter
uma melhor chance de se preservar a audição, mesmo
que parcialmente.
Se
esta meta for bem sucedida, o tratamento também pode
ser oferecido para o tumor remanescente do outro lado.
Entretanto, se a audição não for preservada com o
tratamento inicial em um dos lados, normalmente o segundo
tumor, na orelha que ainda apresenta audição, é apenas
observado.
Se
este tumor apresentar crescimento contínuo, se estiver
localizado em áreas potencialmente fatais, ou se a
audição for perdida ao longo do tempo com o crescimento
tumoral, então o tratamento cirúrgico é realizado.
Os centros americanos acreditam que esta estratégia
tem a maior chance de preservar a audição durante
o maior tempo possível.
Entretanto,
há atualmente algumas opções para se tentar
reabilitar a surdez em pacientes com NF2. Implantar
com uma prótese a parte auditiva do tronco cerebral
(implante auditivo de tronco cerebral) pode ajudar a
restaurar alguma percepção de som para estes
pacientes. São implantes delicados e arriscados,
pois o tronco cerebral controla algumas funções
vitais, como respiração, batimentos cardíacos. E
se o implante não estiver bem posicionado, pode vir
a gerar problemas muito importantes.
Também
o implante coclear pode ser usado se o nervo coclear
for preservado após a cirurgia. A radiocirurgia
pode ser uma opção, embora radiocirurgia estereotáxica
pode não ter efeito sobre alguns pacientes com NF2
como também em pacientes com tumores esporádicos
unilaterais.
Como
saber se tenho um neuroma do acústico ?
Os
avanços na medicina tornaram possível a identificação
de pequenos neuromas acústicos. Os exames audiológicos
de rotina, ou seja, as audiometrias, que devem ser
realizadas anualmente por todos os indivíduos,
podem revelar uma perda de audição e problemas na
discriminação da fala (o paciente pode ouvir sons
, mas não consegue compreender o que está sendo
dito).
A
ressonância magnética (RM) é o teste preferido
para o diagnóstico e identificação de neuromas acústicos.
O gadolínio, um material de contraste utilizado
para realçar alguns tecidos e lesões de nosso
corpo, é muitas vezes utilizado durante o exame
para revelar o tumor. A imagem formada define
claramente um neuroma acústico, se ele estiver
presente. Atualmente a RM é o "padrão
ouro" para o diagnóstico dos nuromas do acústico.
E com o avanço nos aparelhos, atualmente já é
possível identificar tumores medindo apenas alguns
milímetros de diâmetro.
Outro exame que pode ser realizado em alguns casos
é o B.E.R.A. (que é uma espécie de audiometria do
tronco encefálico). Este teste fornece informações
sobre a passagem de um impulso elétrico ao longo do
circuito da orelha interna para as vias do tronco
cerebral. Um neuroma acústico pode interferir com a
passagem deste impulso elétrico através do nervo
auditivo no sítio do crescimento do tumor no canal
auditivo interno, mesmo quando a audição é
normal.
Isto
implica o possível diagnóstico de um neuroma acústico,
quando o resultado do teste é anormal. Um teste de
B.E.R.A. com resposta anormal deve ser seguido por
uma ressonância magnética. Quando a ressonância
magnética não está disponível ou não pode ser
executada, uma tomografia computadorizada (TC) com
contraste é sugerida.
Quais
são as opções de tratamento possíveis atualmente
?
A
escolha da melhor terapia para o neuroma do acústico
é uma decisão que deve ser feita em conjunto pelo
paciente e o médico otorrinolaringologista ou
neurocirurgião, que são os profissionais mais
preparados para o manejo deste tumor.
O
tratamento deve ser indicado após análise
cuidadosa da idade do paciente, sintomas, saúde física
(inclusive outras doenças como diabetes, hipertensão,
etc), tamanho do tumor e audição. Uma discussão
aberta deve ser encorajada a respeito da experiência
e filosofia de tratamento dos médicos envolvidos no
cuidado do paciente.
Os
tratamentos possíveis atualmente incluem: observação,
remoção cirúrgica e radiocirurgia. Vamos discutir
um pouco sobre estas opções.
1.
Observação:
Neuromas
acústicos podem ser descobertos por acaso,
geralmente quando a pessoa realiza uma ressonância
magnética para avaliar uma outra condição. Além
disto, o tumor pode ser descoberto quando ainda é
muito pequeno e há poucos sintomas.
Como
já escrevemos anteriormente, neuromas acústicos são
tumores benignos, ou seja, não são lesões
cancerosas. E estes tumores produzem sintomas
lentamente à medida que vão comprimindo os nervos
ao redor. Por isto, a observação cuidadosa durante
um período de tempo pode ser apropriada para alguns
pacientes.
Por
exemplo, quando um neuroma acústico pequeno é
descoberto em um paciente mais idoso, a observação
para determinar o ritmo de crescimento do tumor pode
ser indicada, se os sintomas graves não estão
presentes.
Atualmente
já há boas evidências de grandes estudos
observacionais que sugerem que muitos neuromas acústicos
pequenos em indivíduos mais idosos apresentam ausência
de crescimento ou crescimento muito lento,
permitindo assim o controle destas lesões sem a
realização de procedimentos mais invasivos, como
cirurgias por exemplo.
Nestes
casos, ressonâncias magnéticas são realizadas
periodicamente e, se não há crescimento
significativo da lesão, a observação é contínua.
Entretanto, se há aumento progressivo do tumor, um
tratamento mais invasivo pode ser necessário.
Outro
exemplo de um grupo de pacientes para os quais a
observação pode ser indicada inclui pessoas com
tumor em ouvido único, ou melhor , paciente com
surdez em um lado e com um neuroma acústico no
outro lado, que é a orelha responsável pela audição.
Nos
casos em que o tumor é de um tamanho em que a
preservação da audição seria improvável com o
tratamento cirúrgico, a ressonância magnética é
utilizada para seguir o padrão de crescimento. O
tratamento cirúrgico para estes casos é
recomendado caso a audição seja perdida ou se o
tamanho do tumor se tornar um risco de vida.
2.
A remoção cirúrgica:
Remoção
parcial do tumor:
A
remoção parcial de um neuroma acústico pode ser indicada
em alguns pacientes, a fim de se reduzir o risco de
complicações. Ocasionalmente, os tumores residuais,
em seguida, podem ser irradiados ou uma nova cirurgia
pode ser realizada. Isto pode ser indicado em pacientes
mais idosos com tumores grandes causando um risco de
morte ou em pacientes com tumores grandes, mas com ouvido
único. Esta remoção parcial visa reduzir o tamanho
do tumor para que este não cause ameaça maior para
a saúde do paciente durante sua expectativa de vida.
A remoção parcial pode reduzir a probabilidade de
disfunção do nervo facial, que pode ser uma das complicações
da remoção de tumores grandes. Ressonâncias magnéticas
periódicas são importantes para acompanhar a taxa
potencial de crescimento dos tumores residuais.
Remoção
total do tumor:
Muitos
destes tumores podem ser totalmente removidos por cirurgia.
Técnicas microcirúrgicas e, recentemente endoscópicas,
juntamente com instrumentos específicos vêm reduzindo
enormemente o risco cirúrgico de remoção total do
tumor.
A
preservação do nervo facial, para se evitar a paralisia
facial permanente é a principal tarefa para o cirurgião.
Entretanto, a preservação da audição também é
um objetivo importante para pacientes que apresentam
audição funcional.
Atualmente,
tanto a função do nervo facial quanto do nervo auditivo
podem ser monitorados durante a cirurgia, com os monitores
específicos. Esta é uma ajuda preciosa para o cirurgião
enquanto o tumor está sendo removido.
Tipos
de abordagem cirúrgica:
Existem
basicamente três principais abordagens cirúrgicas
para a remoção de um neuroma do acústico: a
abordagem ou acesso trans-labiríntico, os acessos
pela fossa média e as abordagens retro-sigmoídeas
/ sub-occipitais.
A
escolha de uma destas abordagens irá depender de vários
fatores, dentre eles a localização e tamanho do
tumor, a habilidade e experiência do neurocirurgião
e/ou otorrinolaringologista com aquele determinado
acesso, se a preservação da audição é um dos
possíveis objetivos da cirurgia e outros.
O
cirurgião e o paciente devem debater em
profundidade as razões da abordagem escolhida,
riscos, benefícios e possíveis complicações.
Cada um dos procedimentos cirúrgicos tem vantagens
e desvantagens, e excelentes resultados podem ser
obtidos utilizando qualquer uma das três técnicas.
Vamos
discutur um pouco sobre os acessos cirúrgicos, que
são realizados todos com anestesia geral.
Trans-labiríntico:
A
abordagem trans-labiríntica pode ser preferida pela
equipe cirúrgica (neurocirurgião e/ou
otorrinolaringologista) quando o paciente não tem
audição útil, ou quando uma tentativa de
preservar a audição seria impraticável.
A
incisão para esta abordagem é feita atrás da
orelha. O acesso envolve a remoção parcial do osso
da mastóide (que é o osso que fica atrás da
orelha), remoção parcial de ossos do labirinto
(canais semi-circulares) e a abertura do canal
auditivo interno, permitindo excelente exposição
desta região.
Entretanto,
a remoção do labirinto (com a abertura dos canais
semi-circulares) resulta em perda permanente e
irreversível da audição no ouvido operado. Esta
abordagem facilita a identificação do nervo facial
no osso temporal, antes de qualquer remoção do
tumor. O cirurgião tem a vantagem de saber a
localização do nervo facial antes da dissecção e
remoção do tumor. Atualmente, embora existam
outros acessos, tumores de qualquer tamanho podem
ser removidos
com esta abordagem.
Uma
segunda incisão geralmente é feita na perna ou no
abdome para remoção de gordura para ser colocada,
durante a cirurgia, para o fechamento da cavidade e
para impedir que o líquido cefalorraquidiano (que
ajuda na proteção do cérebro) fique vazando após
a remoção do tumor.
Retro-sigmoídeo
/ abordagem sub-occipital:
A
incisão para esta abordagem é localizada
geralmente em uma posição ligeiramente diferente.
Essa abordagem cria uma abertura no crânio, atrás
do osso da mastóide, perto da parte posterior da
cabeça, no mesmo lado em que se encontra o tumor. O
cirurgião expõe o tumor de seu posterior (costas),
obtendo assim uma visão muito boa do tumor em relação
ao tronco encefálico.
Ao
remover grandes tumores através desta abordagem, o
nervo facial pode ser exposto através da abertura
inicial do canal auditivo interno. Tumores de
qualquer tamanho podem ser removidos com esta
abordagem e uma das principais vantagens é a
possibilidade de se preservar a audição.
Fossa
média:
Esta
abordagem possui uma incisão acima da orelha
externa e é utilizada principalmente para fins de
preservação da audição em pessoas com tumores
pequenos, geralmente confinados ao canal auditivo
interno.
Uma
pequena janela de osso é removida acima da orelha
para permitir a exposição do tumor a partir da
superfície superior do canal auditivo interno. Com
esta via, podemos ver estruturas de cima para baixo
possibilitando uma identificação precisa de
algumas destas.
Após
a realização da cirurgia, o paciente permanece por
algum tempo em unidade de tarapia intensiva (UTI)
para melhores cuidados e monitorização adequada.
É comum também uma paralisia facial, que pode ser
transitória ou permanente, dependendo da preservação
ou não do nervo facial.
3.
Radiação:
Uma
outra opção de tratamento para um neuroma acústico
é a radiação. A radioterapia estereotáxica pode
ser realizada em uma única fração ou em sessões
múltiplas fracionadas. Ambas as técnicas de radiação
são realizadas em ambiente ambulatorial, sem
necessidade de anestesia geral ou internação
hospitalar. O objetivo dessas técnicas não é a
remoção do tumor, mas sim a parada do crescimento
do neuroma do acústico e sua possível necrose. Isto
é importante de ser escrito, pois a única maneira
de remoção do tumor é com cirurgia.
Nos
tratamentos de dose única, muita radiação é destinada
ao neuroma acústico. Isso resulta em uma alta dose
de radiação para o tumor e muito pouco para qualquer
estrutura cerebral circundante. Muitos pacientes foram
tratados desta forma com altas taxas de sucesso, inclusive
com a preservação da audição. Entretanto, mesmo
em menores taxas quando comparadas às cirurgias, complicações
podem existir tais como fraqueza, dormência ou até
mesmo paralisia facial, e, mais raramente as perdas
auditivas.
Também
ainda não há estudos a longo prazo sobre a exposição
destas altas doses de radiação, que podem vir a gerar
outros tumores (inclusive malignos, ou seja, lesões
cancerosas) no cérebro ou regiões adjacentes.
Já
o tratamento multi-dose fracionado oferece doses menores
de radiação ao longo de um período de tempo, obrigando
o paciente a retornar ao local de tratamento em uma
base diária, que pode requerer entre 3 a até mesmo
30 sessões, geralmente durante várias semanas.
Estudos
recentes sugerem que a radiação fracionada pode resultar
em melhor preservação da audição quando comparado
à radiação em dose única.
Entretanto,
outras informações devem ser solicitadas com o radiocirurgião
e com os outros profissionais médicos, como otorrinolaringologista
e neurocirurgião.
A
radiação pode atrapalhar muito a realização de cirurgias
posteriores, se necessário, no local do tumor. Em alguns
casos, pode haver crescimento do tumor, mesmo após
as sessões de radiação. E às vezes uma cirurgia
pode ser indicada. Nos pacientes já submetidos à radiação,
a cirurgia pode vir a ser mais complicada devido às
fibroses locais provocadas pela radiação. Isto pode
prejudicar a identificação e preservação de estruturas
importantes, como os nervos facial e auditivo.
Por
isto é sempre importante conversar com os médicos
que estão acompanhando o seu caso para sempre discutir
as melhores alternativas de tratamento.
Como
é o seguimento após a cirurgia ou o tratemento com
radiação ?
O
seguimento após a cirurgia ou radiação inclui ressonância
magnética e audiometria geralmente realizada entre
3 a 6 meses após a realização da cirurgia ou tratamento
com radiação.
Anualmente
estes exames devem ser repetidos durante vários anos
para assegurar, principalmente nos casos de radiocirurgia,
que este tumor não está crescendo novamente.
É
extremamente importante a compreensão por parte dos
pacientes que todos os tipos de terapia de radiação
para o neuroma acústico pode resultar em
"controle de tumor", não em sua remoção.
Controle
de tumor significa que o crescimento do neuroma acústico
pode diminuir ou até mesmo parar em alguns casos.
Em outros casos, pode haver, devido à necrose
tumoral, até mesmo diminuição do tumor.
Nos
pacientes com paralisia facial transitória, sessões
de fisioterapia podem ser indicadas. Já nos casos
com paralisia permanente, outras cirurgias podem ser
feitas para uma melhora estética e funcional da
face.
Outros
problemas também podem acontecer após o
tratamento, tais como zumbidos (mesmo com a preservação
da audição) e dores de cabeça.
O
mais importante é ter paciência e uma excelente
relação de segurança e confiança com seu médico
otorrinolaringologista ou neurocirurgião que está
cuidando de seu caso para que todas as dúvidas sejam
respondidas e as melhores decisões possam ser
tomadas em conjunto.
Caso
tenha mais dúvidas ou necessite de maiores
informações, entre em contato:
joaoflavioce@hotmail.com
Médico
responsável: Dr. João Flávio Nogueira - CRM(CE)
9344
IMPORTANTE:
Estas informações foram escritas para ajudar a
compreender melhor o seu
problema e complementar as orientações dadas
por seu médico, mas não excluem a necessidade de
uma consulta médica e nem permitem o
auto-diagnóstico e tratamento. |